Mapa de riscos: o que é, o que exige a NR-5 e quais são os tipos

Amanda Gregio

Em qualquer canteiro de obras, a segurança precisa ser levada tão a sério quanto a fundação de uma estrutura! E é exatamente aí que entra em cena o mapa de riscos. 

Estamos falando de uma ferramenta obrigatória e estratégica, que permite identificar, classificar e visualizar os principais perigos presentes em cada setor da obra. 

O mapa ajuda a antecipar problemas e a proteger a equipe de acidentes, doenças ocupacionais e condições de trabalho inadequadas, e é item essencial para cumprir a NR-5 e garantir que a CIPA atue com eficiência no dia a dia da construção.

Se você ainda acha que o mapa de riscos é só um desenho pendurado na parede, está na hora de rever essa ideia. Continue lendo para entender como ele funciona, como montar um corretamente e de que forma pode melhorar a segurança e a produtividade da sua obra.

O que é mapa de riscos?

O mapa de riscos é um instrumento visual obrigatório utilizado para identificar, classificar e comunicar os riscos presentes nos ambientes de trabalho. 

Ele é construído com base em levantamento técnico e participativo e utiliza círculos coloridos de diferentes tamanhos para representar, graficamente, os cinco grupos de riscos ambientais: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos (de acidentes). 

Essa ferramenta não é burocracia, é um recurso fundamental de gestão da segurança, especialmente em setores com alta exposição ao perigo, como a construção civil.

No dia a dia, ele fortalece a cultura de segurança no canteiro e dá suporte às ações da CIPA e do SESMT. 

Além disso, permite que todos os envolvidos na obra, do mestre de obras ao engenheiro responsável, tenham clareza sobre os riscos existentes em cada ambiente, ajudando na definição de estratégias de prevenção e na alocação correta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e Coletiva (EPCs).

Qual NR fala sobre mapa de riscos?

A criação e manutenção do mapa de riscos são orientadas pela Norma Regulamentadora nº 5 (NR-5), emitida pelo Ministério do Trabalho e Emprego. 

A NR-5 trata da organização e funcionamento da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), e específica que é responsabilidade da CIPA promover a elaboração e a atualização contínua dos mapas de risco em todas as áreas da empresa.

Vale destacar que, embora a elaboração do mapa seja uma exigência prevista na NR-5, sua construção deve seguir também os princípios das demais NRs que tratam de riscos ambientais (NR-9), ergonomia (NR-17) e segurança em canteiros de obras (NR-18), integrando as informações de forma estratégica.

O que diz a NR5 sobre o mapa de riscos?

A NR-5 define que a CIPA deve identificar os riscos nos locais de trabalho, com base na observação direta dos ambientes, na escuta ativa dos trabalhadores e no apoio técnico de profissionais especializados. 

O mapa de risco deve conter a planta baixa do local (ou uma representação proporcional), os tipos de risco identificados por cor e grupo e a intensidade de cada risco representada pelo tamanho dos círculos.

A norma também exige que o mapa esteja afixado em locais visíveis e de fácil acesso, garantindo que todos os colaboradores, inclusive os temporários e terceirizados, possam consultar as informações com autonomia e clareza. A lógica é simples: risco visível é risco controlável.

Para que serve o mapa de riscos?

O mapa de riscos serve como ferramenta de gestão, conscientização e prevenção. Ele orienta o desenvolvimento de ações estratégicas de segurança e saúde do trabalho, permite o planejamento de treinamentos específicos e dá base técnica para a escolha dos EPIs e EPCs mais adequados a cada setor.

Na construção civil, sua aplicação é ainda mais crítica. Ambientes com escavações, andaimes, movimentação de cargas, exposição a ruído intenso, produtos químicos e eletricidade precisam de controle rígido de risco, e o mapa atua como primeiro passo do gerenciamento de perigos. Além disso, ele:

  • facilita auditorias e fiscalizações do MTE;
  • reduz passivos trabalhistas e afastamentos por acidentes;
  • estimula a participação dos trabalhadores na prevenção;
  • suporta o dimensionamento de medidas corretivas e de emergência.

Quais são os tipos de riscos na segurança do trabalho?

Sabemos que todo canteiro de obras é, por definição, um ambiente dinâmico e também repleto de situações potencialmente perigosas. 

Entender os diferentes tipos de riscos ocupacionais é o primeiro passo para montar um plano de prevenção eficaz, criar mapas de risco bem fundamentados e manter todos os profissionais protegidos. 

Para isso, a segurança do trabalho classifica os riscos em cinco grupos distintos, cada um com suas características, causas e estratégias de controle. A seguir, vamos explorar cada um deles:

Acidentes

Esses riscos estão ligados a fatores que podem causar lesões imediatas por ação mecânica ou condições inseguras no ambiente físico. São os perigos que, quando negligenciados, resultam em cortes, quedas, esmagamentos, amputações ou choques.

Na prática da construção civil, eles se manifestam em:

  • máquinas e ferramentas mal conservadas ou sem proteção
  • escadas e andaimes instáveis
  • aberturas no piso sem sinalização
  • falta de uso adequado de EPIs como luvas e capacetes

A prevenção nesse caso exige sinalização de áreas perigosas, treinamentos de uso de equipamentos e aplicação rigorosa das NRs 12 e 18, que tratam de segurança em máquinas e em obras, respectivamente.

Ergonômico

O risco ergonômico está relacionado às condições que afetam o conforto, a postura e o esforço físico ou mental do trabalhador. Embora menos visíveis que os riscos de acidente, seus impactos são profundos, podendo gerar lesões por esforço repetitivo (LER/DORT), fadiga extrema e até problemas emocionais.

Exemplos na construção civil incluem:

  • levantamento incorreto de peso (como sacos de cimento ou lajotas)
  • posturas forçadas ou inadequadas durante longas horas
  • jornadas exaustivas sem pausas adequadas
  • ferramentas que exigem força excessiva ou uso incorreto

Esse tipo de risco exige atenção especial na organização do trabalho, pausas programadas e uso de equipamentos de apoio (como cintas ergonômicas, talhas e bancadas ajustáveis), além do cumprimento das diretrizes da NR-17, que trata da ergonomia.

Biológico

Os riscos biológicos são causados por micro-organismos vivos ou substâncias derivadas deles que podem provocar doenças infecciosas. Na construção civil, eles são especialmente relevantes em ambientes com água parada, fossas, esgoto, entulhos e locais insalubres.

Exemplos comuns incluem:

  • Contato com fezes, urina e sangue (em obras de saneamento)
  • Presença de animais peçonhentos ou insetos transmissores de doenças
  • Manipulação de resíduos orgânicos sem proteção

A prevenção passa por higiene rigorosa, vacinação, controle de pragas, uso de EPIs adequados (máscaras, luvas, botas impermeáveis) e capacitação contínua. A NR-32, embora voltada para o setor da saúde, oferece boas práticas que podem ser adaptadas a canteiros com riscos biológicos elevados.

Químico

Esse grupo abrange substâncias que, quando inaladas, ingeridas ou em contato com a pele, podem causar danos à saúde imediatos e cumulativos, como irritações, queimaduras, intoxicações e até câncer.

Na construção, eles aparecem com frequência nos seguintes cenários:

  • uso de solventes, tintas, cimento, cal e cola
  • poeiras tóxicas de demolição ou lixamento
  • inalação de gases liberados em soldagens e impermeabilizações

A NR-9 (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) exige monitoramento constante desses agentes e adoção de medidas como ventilação adequada, armazenamento correto e uso de EPIs específicos (máscaras com filtro químico, roupas impermeáveis, proteção ocular).

Físico

Por fim, os riscos físicos envolvem agentes ambientais não biológicos, mas que podem afetar diretamente a saúde do trabalhador a partir da exposição prolongada ou intensa. Os mais comuns no setor da construção são:

  • ruído excessivo (máquinas, britadeiras, serras)
  • vibrações (plataformas elevatórias ou marteletes)
  • calor intenso (exposição ao sol em obras externas)
  • radiações não ionizantes (solda elétrica, lâmpadas UV)

A exposição contínua pode causar surdez, estresse térmico, cansaço extremo ou problemas cardiovasculares. O controle exige monitoramento ambiental, isolamento acústico, revezamento de turnos e EPIs como protetores auriculares e vestuário adequado.

Quais são as penalidades para quem não aplicar o mapa de riscos?

Ignorar o mapa de riscos em uma obra não é apenas negligência, é infração à legislação trabalhista brasileira. 

Empresas que descumprem essa exigência da NR-5 (Norma Regulamentadora nº 5) ficam sujeitas a multas aplicadas pelo Ministério do Trabalho, que podem variar conforme o número de empregados, reincidência e gravidade da infração. 

Em caso de acidente relacionado a riscos não mapeados, a responsabilidade pode se estender até o nível civil e criminal do empregador ou responsável técnico.

A ausência do mapa de riscos também demonstra falha na gestão de segurança e saúde do trabalho, o que pode prejudicar a imagem da construtora em auditorias, licitações e fiscalizações. Ou seja, além da multa, a empresa pode perder contratos, certificações e credibilidade no mercado.

É obrigatório o mapa de riscos?

Sim, como falamos anteriormente, o mapa de riscos é obrigatório em todas as empresas que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), conforme determina a Norma Regulamentadora nº 5 (NR-5) do Ministério do Trabalho. 

Na construção civil, essa exigência ganha ainda mais peso, considerando os altos índices de acidentes e exposição a riscos ambientais, físicos e operacionais.

O mapa de riscos é uma exigência legal e preventiva. Ele deve estar visível em locais estratégicos do canteiro de obras (como entradas, refeitórios e vestiários), permitindo que todos os trabalhadores conheçam os perigos aos quais estão expostos.

Quem elabora o mapa de riscos?

A elaboração do mapa de riscos é responsabilidade da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), em parceria com o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT). 

Em empresas pequenas ou obras temporárias que não tenham CIPA formalizada, a responsabilidade recai sobre o designado da segurança do trabalho ou o profissional técnico habilitado.

O mais importante é que esse processo envolva a escuta ativa dos trabalhadores, pois são eles que conhecem melhor os perigos reais enfrentados no dia a dia da obra. A elaboração não deve ser feita “do escritório para o canteiro”, mas sim com participação ativa da equipe.

Como se faz um mapa de riscos?

O mapa de riscos começa com uma investigação criteriosa dos ambientes de trabalho. É uma construção coletiva que exige análise técnica e observação prática. O processo envolve:

  1. identificar todos os setores da obra (administração, áreas operacionais, almoxarifado, etc.)
  2. avaliar os tipos de riscos existentes em cada setor, com base nas cinco categorias: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes
  3. classificar a intensidade de cada risco (pequena, média ou grande)
  4. criar a representação gráfica com círculos coloridos e proporcionais à gravidade de cada risco
  5. validar com os responsáveis e afixar em local visível

Esse mapa deve ser revisado sempre que houver mudanças significativas na rotina ou estrutura da obra,  como novos equipamentos, processos ou realocação de setores.

Quais são os elementos do mapa de riscos?

Um mapa de riscos visual bem-feito é composto por cinco elementos essenciais, confira abaixo.

  • Setores mapeados: o ambiente deve ser desenhado ou esquematizado com clareza, incluindo áreas internas e externas da obra
  • Riscos identificados: cada tipo de risco é representado por uma cor específica (ex: verde para riscos físicos, vermelho para químicos, marrom para biológicos, amarelo para ergonômicos e azul para acidentes)
  • Círculos proporcionais: o tamanho do círculo indica o grau de risco (pequeno, médio ou grande)
  • Legenda clara: a representação deve estar acompanhada por uma legenda que ajude qualquer trabalhador a interpretar as informações
  • Data e responsáveis: o mapa precisa conter o nome dos responsáveis pela elaboração, data da criação e eventual data de revisão

Essa padronização é essencial para garantir que o conteúdo seja entendido por todos, inclusive por trabalhadores com baixa escolaridade ou em treinamento inicial.

Como fazer mapa de riscos?

Fazer um mapa de riscos vai muito além de desenhar círculos coloridos em um quadro. É um processo de prevenção ativa, que precisa de método e escuta. A seguir, confira um passo a passo prático e eficiente.

  1. Organize uma equipe técnica (CIPA, SESMT ou técnico de segurança).
  2. Realize inspeções em campo, com prancheta e fichas de registro.
  3. Converse com os trabalhadores sobre perigos percebidos, rotinas críticas e experiências anteriores.
  4. Classifique os riscos conforme intensidade e frequência.
  5. Monte o mapa com base em uma planta simplificada do local.
  6. Utilize cores e tamanhos de círculos padronizados segundo a NR-5
  7. Valide o conteúdo com engenheiros, encarregados e RH.
  8. Fixe o mapa em áreas de grande circulação e treine os colaboradores na leitura e interpretação.
  9. Atualize sempre que houver mudanças estruturais, operacionais ou após auditorias.

Esse processo não só cumpre a lei, mas, principalmente, salva vidas e reduz prejuízos, criando uma cultura de segurança dentro da obra.

Como o Obra Prima pode ajudar?

Com o sistema Obra Prima, é possível organizar toda a documentação de segurança do trabalho, inclusive os processos de identificação e registro de riscos em campo. A plataforma permite o acompanhamento digital da obra, facilitando a gestão de setores, controle de acesso e até a emissão de relatórios técnicos.

O Obra Prima integra segurança, produtividade e legalidade. Com isso, o mapa de riscos deixa de ser um cartaz esquecido na parede e passa a ser parte ativa da gestão inteligente da obra, tudo isso com praticidade, suporte técnico e atualizações constantes conforme as normas da construção civil evoluem.

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