Evitar riscos e acidentes na construção civil é missão que ganha mais um aliado, o DDS.
Já ouviu falar em DDS? Sabe o que é essa nova ferramenta da SST que tem ganhado espaço nos canteiros de obras da construção civil?
Não é preciso dizer (mas nós vamos) que com a segurança e saúde dos trabalhadores não se brinca. Seja por ética ou por lei, reduzir riscos e oferecer um ambiente seguro com os equipamentos necessários para que o perigo para o físico dos operários seja mínimo deve ser tarefa número 1 de todas as construtoras.
É exatamente por isso que o Diálogo Diário de Segurança começa a fazer parte das discussões sobre Saúde e Segurança do Trabalho. Ela pode ser a forma que sua construtora estava sentindo falta para reduzir ainda mais problemas com acidentes.
Acompanhe o texto e saiba tudo o que precisa para entender e aplicar a DDS em seus canteiros de obras.
DDS: o que é o Diálogo Diário de Segurança?
A sigla DDS é a abreviação usada para Diálogo Diário de Segurança, como já deve estar bem claro para vocês, leitores. É uma técnica conhecida, também, como Diálogo Diário de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (DDSMS).
Ela significa exatamente o que o nome sugere, que todos os dias sejam realizadas conversas sobre questões relacionadas à SST, ou seja, formas de proteger e garantir a segurança e saúde no canteiro de obra durante as atividades.
São reuniões que duram entre 5 e 15 minutos e são realizadas antes que a jornada de trabalho comece.
A técnica de desenvolver diálogos sobre segurança diariamente começa no início da década de 1990. Seu foco é trazer para situações e ambientes onde riscos físicos de acidentes e problemas estão muito presentes debates focados na conscientização e prevenção de sua ocorrência.
O mais importante para a DDS é lembrar, sempre, que o ideal não é oferecer uma palestra ou treinamento. Diálogo, aqui, é a palavra-chave. Deve ser um momento de conversa em que os trabalhadores e equipes são ouvidos, apresentem suas dúvidas, preocupações e sugestões de melhoria.
Claro, tudo o que é debatido durante uma DDS deve sempre responder às regras e Normas Regulamentadoras da SST. Por isso, o ideal é que o mediador desses diálogos seja um técnico da segurança do trabalho, ainda que possam ser aplicadas por supervisores, engenheiros, chefes ou membros da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) da construtora.
Leia também:
NR 1: o passo inicial da Saúde e Segurança do Trabalho >
NR 6: Equipamentos de Proteção Individual (EPI) na construção civil >
NR 12: o uso de maquinário na construção civil >
NR 18: as medidas de segurança para a construção civil >
NR 35: Como essa Norma Regulamentadora afeta a construção civil? >
Qual sua importância para a SST?
A construção civil é um setor que está constantemente sofrendo com imprevistos e riscos que podem causar acidentes. A saúde e integridade física dos trabalhadores no canteiro de obras está sempre em perigo.
Sim, existem normas para que esses riscos possam ser identificados antes que os trabalhos comecem e para que sejam eliminados.
Além disso, o acompanhamento constante da execução com uma boa gestão de obras e, preferencialmente, com Relatórios Diários de Obras permitem identificar novos riscos quando surgem.
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Com essas medidas, a construtora pode definir ações de prevenção e solução rápida para os problemas que aparecem. No entanto, nada disso adiante quando a equipe não está consciente e preparada.
Você deve estar se perguntando:
- Não é para isso que os treinamentos de SST servem?
A resposta é sim e não. Treinamentos são uma ferramenta essencial para preparar os trabalhadores para um panorama geral.
A importância da DDS está, exatamente, em não ser um debate generalizado, mas uma conversa sobre as particularidades da obra que está sendo executada.
Ela abre espaço para que os próprios trabalhadores do canteiro de obra apontem o que tem faltado nos treinamentos, situações perigosas que vivenciaram nos dias anteriores e o que podem fazer para que, no dia de trabalho que vai começar, nenhum acidente aconteça.
Assim, o Diálogo Diário de Segurança se torna um espaço mais ativo e direto para otimizar a eficiência das medidas de SST.
Desvantagens e benefícios para a construtora do DDS
Uma medida tomada pela gestão de obras para otimizar a produtividade e reduzir riscos sempre traz vantagens e desvantagens.Conhecer as vantagens é essencial para que as oportunidades que se apresentam tenham impactos positivos e efetivos na execução da obra.
Além disso, ainda que as desvantagens não sejam um impedimento ou não sirva como desculpa para não realizar os diálogos, é sempre bom conhecê-las para que se possa aproveitar ao máximo os resultados da reunião.
Conheça as desvantagens e vantagens que a DDS traz para a construção civil:
Desvantagens
Existe apenas uma desvantagem que o DDS traz para as construtoras e que não pode ser de forma nenhuma ignorada: gasto de tempo. Na verdade, essa desvantagem coloca luz sobre dois grandes problemas internos: dificuldade de comunicação e falta de treinamento.
Tudo na construção civil gira em torno de cronogramas e prazos que devem ser cumpridos e esses diálogos devem acontecer dentro do horário de serviços dos trabalhadores e no início da jornada.
É uma desvantagem muito fácil de solucionar, exige apenas uma boa comunicação e organização na gestão. Será necessário criar os cronogramas já contando com esses 5 a 15 minutos de reunião e sabendo que levará mais algum tempo até que os trabalhadores peguem equipamentos e iniciem o trabalho.
Além disso, é necessário considerar também as dificuldades de comunicação. Uma construtora que não cria uma cultura de comunicação livre entre trabalhadores e responsáveis não conseguirá tirar o máximo proveito do DDS.
Treinamentos mal realizados acabam também prejudicando o processo e aumentando o consumo de tempo e eficiência não só do diálogo estabelecido, mas das propostas levantadas. Sem um bom treinamento, o trabalhador não vai conseguir identificar riscos e trazer soluções para a reunião e para o canteiro de obras.
Vantagens
Diálogos sobre segurança tem como foco aumentar a consciência e trazer novas soluções para riscos antigos e recém descobertos. Por esse motivo, um DDS bem desenvolvido ajuda a:
- Melhorar a comunicação da equipe;
- Reduzir acidentes;
- Aumentar a produtividade;
- Melhorar a qualidade do resultado do projeto;
- Diminuir danos à saúde e segurança do trabalhador;
- Adequar as atividades às Normas Regulamentadoras;
- Aumentar o lucro da construtora;
- Reduzir retrabalhos e desperdícios;
- Diminuir custos.
Como realizar esses diálogos na construção civil?
Em teoria, basta sentar com os trabalhadores e começar a conversar sobre os problemas enfrentados e que podem surgir na execução de obra. Parece muito simples, mas iniciar esses diálogos pode ser um desafio, principalmente se a DDS é uma prática nova para esses trabalhadores.
A primeira dica: avise seus trabalhadores que as reuniões vão começar a acontecer com antecedência e tenha um local e horário fixo, para não ter problemas com atrasos ou com comunicação cruzada, informe, também, o tema a ser debatido, assim os participantes já pensam no que desejam comentar e chegam mais preparados.
Criar um cronograma só para as reuniões com qual tema será debatido a cada dia e enviar aos trabalhadores é uma excelente ideia.
Outro ponto importante é deixar claro que essa é uma forma de cuidar da segurança de seus trabalhadores, que a empresa se importa com eles e está buscando formas de melhorar ainda mais a SST.
Ter atenção ao tempo e ao tema é, também, essencial. Essas reuniões devem ser curtas e dinâmicas. Reuniões muito longas, além de prejudicar o cronograma, são cansativas e os trabalhadores deixam de participar e prestar atenção.
Discuta o tema de forma objetiva e direta para que o foco não seja perdido.
Mais uma dica: traga a realidade do projeto para a reunião.
Utilizar exemplos que os trabalhadores têm vivido em seu dia a dia faz com que tudo se torne mais claro e que as soluções apresentadas possam ser aplicadas de forma mais eficiente.
Casos reais de outros projetos não precisam ser ignorados, mas quanto mais perto da realidade da obra que está sendo executada, melhor.
Por último, pense sempre em acessibilidade.
Utilize uma linguagem que os trabalhadores entendam, sem muitos termos técnicos e frescuras com as quais eles não estão acostumados e reserve um tempo para que o tema seja debatido com os operários.
Dicas de temas para o Diálogo Diário de Segurança
Agora que você sabe a importância e como realizar os Diálogos Diários de Segurança, que tal conhecer alguns dos principais temas que a construtora pode abordar nessas reuniões?
1 – Normas Regulamentadoras
Sim, elas são complexas e, ao menos em teoria, os trabalhadores passaram por treinamento. No entanto, relembrar os principais pontos, focando no que se aplica a obra que está sendo executada, pode ajudar muito no dia a dia do canteiro.
2 – EPI (Equipamento de Proteção Individual)
O uso de EPIs é obrigatório, mas nem sempre os trabalhadores entendem a importância de seu uso. Debater sua utilidade com situações do cotidiano faz com que eles tenham mais atenção e utilizem o equipamento corretamente.
3 – EPC (Equipamento de Proteção Coletiva)
Para esse tema, vale o mesmo que foi dito sobre os EPIs, com o acréscimo de que os trabalhadores passaram a entender como uma placa que ele não avisou que caiu pode criar riscos não só para ele, mas para seus colegas.
4 – Organização e limpeza no ambiente de trabalho
Explicar como acidentes são causadoscausado por causa de uma viga colocada no local errado ou um equipamento deixado conectado na pausa do almoço pode evitar muitos problemas. Organização e limpeza podem ser muito menosprezadas no dia a dia do canteiro, com conscientização a realidade pode mudar muito.
5 – Sinalização
Os trabalhadores sabem que a sinalização é um EPC, mas nem sempre se lembram o que cada sinalização presente no canteiro significa. Que tal refrescar sua memória?
6 – Primeiros socorros
Um dia de debate sobre os cursos e treinamentos que fariam a diferença no canteiro de obras em situação de urgência pode ajudar muito a construtora a identificar o que cada trabalhador conhece.
Que tal começar a transformar os membros de sua equipe em primeiros socorristas para reduzir os danos quando acidentes acontecem e enquanto o atendimento médico não chega?
7 – Higiene pessoal
Parece um tema íntimo, mas pode fazer muita diferença. O canteiro de obras deixa os trabalhadores expostos a poeira, bactérias e produtos químicos. Mesmo que eles não ofereçam risco imediato, a possibilidade de desenvolver uma doença ou de contaminar a casa e a família deve ser debatida.
Destacar a importância de medidas de higiene é ainda mais importante agora, com a recente pandemia de coronavírus. Nunca foi tão essencial debater como o simples ato de lavar as mãos pode salvar vidas.
Investir em Saúde e Segurança do Trabalho: produtividade, proteção e crescimento
A Saúde e Segurança do Trabalho aborda variados temas e busca estabelecer regras para ações, equipamentos, estruturas e outros elementos do canteiro de obras para que os trabalhadores sejam protegidos.
Leia também:
Obras sem acidentes: as Normas Regulamentadoras sobre a saúde do trabalhador da construção >
Um elemento tão importante quanto a segurança do trabalhador, com o grande número de acidentes que a construção civil vive anualmente, merece receber mais investimentos e ser constantemente debatido para ser cada vez mais eficiente.
Com o DDS, o debate sai dos escritórios de construtoras e alcança os mais afetados pelos riscos e acidentes em canteiros de obras: os operários. Incluir os trabalhadores na conversa pode trazer uma forma nova de ver e prevenir os riscos.
Todos saem ganhando.
Uma boa gestão de obras sempre trabalha para que tudo funcione como deve e isso inclui garantir o máximo de segurança no canteiro de obras. Investir tempo nesse diálogo e dinheiro nas medidas necessárias para eliminar riscos evita prejuízos e pode até aumentar o lucro da construtora. Acidentes impactam pessoas, cronogramas, orçamento, qualidade e satisfação do cliente.
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