A alta do preço dos insumos tem assustado muitas construtoras e impactado o crescimento da construção civil. Entenda aqui o que aconteceu.
A construção civil entrou no ano de 2020 muito otimista, apresentando boa recuperação da crise que afetou o setor nos anos anteriores.
Apesar da pandemia de coronavírus, que começou em março, esse otimismo se manteve por todo o ano, principalmente pelo bom desempenho histórico apresentado ao longo do ano, com um aumento de 10% nas vendas e queda de 13% de unidades disponíveis.
Com isso, as previsões para 2021 eram muito positivas, esperava-se uma necessidade grande de repor estoque de empreendimentos disponíveis e de novos lançamentos. No entanto, apesar das expectativas serem boas, muitas mudanças ocorreram no primeiro trimestre e colocaram o mercado de construção em um mundo de incertezas.
A queda do PIB, instabilidade do câmbio com alta do dólar e outros inesperados números da economia, a realidade vivida esse ano parece ser outra. Um dos principais problemas que vêm sendo enfrentados são a alta dos preços de insumos e indisponibilidade de materiais.
Mesmo com esses desafios, é importante destacar que não é hora de as construtoras se desesperarem, mas sim de ajustar estratégias e otimizar processos para conseguir resultados.
Com a mudança de muitos trabalhadores do presencial para o home office, o interesse do consumidor no mercado imobiliário, seja para compra ou reforma, está alto.
Entenda aqui um pouco mais sobre o que causou a alta no preço de insumos e como a nova realidade tem impactado o crescimento da construção civil para descobrir novas estratégias e manter o crescimento da sua construtora.
A nova realidade da construção civil
Muitas mudanças na realidade de vida e trabalho das pessoas mudaram com a pandemia de coronavírus.
Com a impossibilidade de viajar ou sair para se divertir nos fins de semana e com a necessidade de máximo isolamento social possível mesmo na hora de trabalhar durante a semana, passar todo o tempo dentro de casa se tornou comum.
O trabalho remoto ganhou mais popularidade entre as empresas e os trabalhadores começaram a perceber novas necessidades e valorizar cada vez mais o conforto em seus lares.
Uma vez que os momentos de trabalho, lazer e interação com a família passaram a acontecer sempre no mesmo ambiente, ele precisava ser o melhor possível.
Sem poder sair de casa, o investimento em melhorias no espaço ou na compra de imóveis cresceu.
Essa mudança não foi só para imóveis residenciais.
As empresas que não podiam enviar os trabalhadores para o home office perceberam que seria necessário melhorar o espaço comercial para poder seguir recebendo clientes e oferecendo um ambiente motivador e seguro para os empregados.
Reformas, ainda que seguindo as restrições na circulação de equipes, se tornaram mais comuns e muitos imóveis novos foram comprados ou construídos.
A melhor notícia para construção?
Essa não parece ser uma tendência passageira. Uma vez que o conforto e qualidade do ambiente passaram a ser valorizados, dificilmente as pessoas vão se acomodar em imóveis que ofereçam menos outra vez.
Alta no preço dos insumos
Um dos grandes problemas que a construção civil tem apresentado em 2021 é a alta no preço dos insumos. Observando alguns dados levantados pela Sinapi dos custos da construção ainda no começo do ano provam que apesar do otimismo do mercado imobiliário, construir ficou mais caro.
De acordo com esse levantamento divulgado pelo IBGE, o índice Nacional da Construção Civil subiu 1,45% em março e fechou acima dos custos do mês anterior em 0,12 pontos percentuais.
Além disso, as pesquisas mostram que o primeiro trimestre teve um aumento acumulado de 4,84%, com essa subida de custos chegando a 14,46% entre abril de 2020 e março de 2021.
Nesse período de 12 meses só os materiais de construção mostraram aumento de custos nas parcelas de 24,61%.
O aço foi o grande destaque entre os materiais de construção com aumento de preço.
Isso significa que muitos produtos que levam aço em sua composição sofreram aumento: tubos de condução, vigas, arames, vergalhões e até mesmo as lajes.
Os custos por metro quadrado de construção no Brasil fecharam em março em R$1.338,35, sendo R$765,07 relativos aos materiais (57%) e R$573,28 (43%) à mão de obra. Em fevereiro o custo era de R$1.319,18 por metro quadrado.
O que causou ou influenciou a alta no preço de insumos?
Como já comentamos aqui no blog, o mercado imobiliário e a construção civil tem importante papel na retomada da economia, o que significa que instabilidades econômicas como as que estamos vivendo acabam impactando negativamente o setor.
Com a pandemia, vimos um cenário de aumento no consumo interno e externo e uma disparada no valor do dólar, que tem fechado em alta em uma proporção que não se via a muito tempo.
Pensando nos impactos do aumento do consumo externo vemos que o aquecimento do mercado imobiliário pela busca de melhores ambientes para viver e trabalhar, a queda na taxa Selic (taxa básica de juros) e a facilidade de financiamento que o governo ofereceu aumentou muito a demanda.
Com a demanda crescente, a construção civil começou a sofrer com a falta de insumos no mercado, o que acionou a conhecida lei da oferta e procura: quanto menos produtos disponíveis e mais alta a procura, maiores os custos para compra.
A alta do dólar só intensificou o problema, causando dificuldades de importar produtos e muita facilidade para compra por estrangeiros, deixando o mercado da construção civil brasileiro ainda mais desabastecido de insumos.
O que as construtoras devem fazer para escapar dos problemas com o aumento no preço de insumos?
Um dos principais problemas que esse cenário tem causado é que, enquanto os custos da obra aumentam, o valor dos imóveis em estoque não são atualizados.
Isso significa que as vendas que estão sendo feitas não estão oferecendo às construtoras o retorno esperado.
Os lançamentos de empreendimentos estão sendo feitos com valores muito mais baixos do que a obra efetivamente vai custar em decorrência do aumento dos custos da construção.
Sabemos que é impossível escapar de perder um pouco de dinheiro com esses lançamentos, mas um bom planejamento estratégico desses lançamentos pode te ajudar a escapar de um prejuízo tão profundo.
É essencial que as construtoras se preparem para enfrentar os custos desses projetos e comecem a atualizar seus processos na hora de fazer orçamentos de obras para novos contratos.
Os custos passados para o consumidor devem acompanhar as altas nos preços dos insumos.
Além disso, organizando bem seus cronogramas de longo prazo é possível ter mais controle financeiro e conseguir controlar o fluxo de caixa para que os custos dos projetos não tenham que ser pagos todos de uma vez e coloque sua conta no vermelho.
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Mais do que nunca as construtoras devem se informar e acompanhar as mudanças do mercado. Redução de custos e estratégias para o planejamento financeiro serão chave nos próximos meses.
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