CUB na Construção Civil: O que é, Como Calcular e Usar em Obras

Amanda Gregio

Na hora de planejar uma obra, é preciso entender quanto vai custar cada metro quadrado. E é aí que precisamos falar sobre o CUB, o Custo Unitário Básico da construção civil. 

Esse indicador ajuda a estimar valores de projetos, orçamentos, contratos e financiamentos com base em critérios padronizados e sempre atualizados. Sem ele, o risco de calcular errado e comprometer o lucro da obra aumenta e muito.

O CUB é definido mensalmente pelos Sinduscons estaduais com base em insumos reais (como materiais, mão de obra e equipamentos) e em projetos-tipo regulamentados pela ABNT. 

Ou seja, não é chute nem média geral, é um parâmetro técnico, confiável e indispensável para quem trabalha com construção, seja para precificar, negociar ou planejar. 

Continue a leitura para entender o que exatamente é o CUB, como ele é calculado, para que serve e como você pode usá-lo de forma estratégica no seu dia a dia de obras!

O que é CUB na construção civil?

O CUB (Custo Unitário Básico) é o valor médio do metro quadrado de construção, calculado mensalmente para servir de referência no orçamento de obras. Ele é usado como base para prever custos, fechar contratos e até calcular financiamentos.

Na prática, o CUB ajuda construtoras, empreiteiros e incorporadoras a estimar quanto vai custar construir determinado tipo de edificação por metro quadrado, com base em preços atualizados de materiais, mão de obra e equipamentos. 

Ele não é uma média nacional genérica, é calculado por cada Sinduscon estadual (como o Sinduscon-PR, Sinduscon-SP, etc.) e publicado mensalmente, levando em conta os custos reais de mercado de cada região.

Esse cálculo é feito com base em projetos-tipo definidos pela ABNT, como edifícios residenciais com ou sem elevador, prédios comerciais, galpões industriais, entre outros. Para cada tipo, o Sinduscon levanta o custo dos insumos em diferentes cidades do estado e compila esses dados segundo metodologia do sistema SINAPI (da Caixa Econômica Federal e IBGE) ou do próprio sindicato. O resultado final é um valor médio confiável, que orienta desde estimativas preliminares até revisões contratuais.

Por que isso importa tanto? Porque o CUB evita surpresas e protege a margem de lucro. Ele também é exigido em contratos de incorporação imobiliária (Lei 4.591/64), onde o valor da obra precisa ser atrelado a um índice técnico confiável. Ee também pode ser usado como índice de reajuste contratual, mantendo a viabilidade econômica do projeto em obras longas ou sujeitas a variações de preço.

Ou seja, conhecer e utilizar o CUB é essencial de planejamento financeiro e transparência para qualquer profissional que atue na construção civil. Ele ajuda a estimar, negociar e justificar custos com dados técnicos atualizados e regionais, evitando achismos e garantindo mais previsibilidade em cada projeto.

Quem é que determina o valor do CUB?

A Lei Federal 4.591/64 (artigo 54), que trata sobre os valores de referência para as construções de imóveis por metro quadrado em cada estado, determina o CUB e essa mesma lei estabelece que é responsabilidade dos sindicatos estaduais da indústria da construção calcular o CUB/m². 

Além da obrigatoriedade de realizar a divulgação todo mês até o dia 5 sobre os custos unitários praticados na região em relação à construção civil.  

Onde consultar o CUB?

É possível consultar o CUB diretamente em seu site. Afinal, ele foi desenvolvido pela CBIC e conta com a participação de mais de 20 Sinduscons brasileiras. Você também pode entrar no site da Sinduscon da sua região.

Por que o CUB é tão importante para o orçamento de obras?

Orçar um projeto é uma das etapas mais passíveis de erros e complexas. Por isso, o CUB é tão importante para o setor. Esse cálculo permite que parte dos custos das obras sejam mais precisamente estimados. 

Quanto mais o cronograma e o planejamento de uma construção, desde a definição de custos até a organização da logística das tarefas e recebimento de insumos, são realizadas de maneira precisa e consistente, mais impactam positivamente na qualidade do empreendimento e também no histórico tanto dos gestores quanto da construtora. 

Assim, esse cálculo dá suporte para o mercado de incorporação imobiliária ao servir como parâmetro que determina o custo das edificações. 

Dessa forma, o CUB na construção civil é um item crucial para que a obra tenha sucesso, uma vez que vai contribuir para uma melhor gestão dos recursos necessários e custos envolvidos.

Como usar o CUB na prática?

Usar o CUB na prática é simples e extremamente útil! Ele serve como um parâmetro confiável para calcular o valor por metro quadrado de uma obra, atualizar contratos e criar orçamentos mais alinhados com a realidade do mercado. 

Em outras palavras, o CUB traduz o preço real de construir, com base em dados atualizados da sua região, organizando as decisões financeiras da construtora com precisão e respaldo técnico.

Estimativa de custos

Como você já leu anteriormente, a aplicação mais direta do CUB está na estimativa inicial do custo de uma obra. Quando você tem um projeto básico em mãos, basta multiplicar a metragem quadrada pela tabela do CUB correspondente ao tipo da construção e à região. 

Por exemplo: se vai construir um edifício residencial sem elevador de 800m² no Paraná, é só verificar na tabela do Sinduscon-PR o valor por m² daquele mês e tipo de obra e fazer a conta. Esse cálculo não é definitivo, mas serve como ponto de partida seguro para saber se o projeto é viável financeiramente antes de avançar para orçamentos detalhados.

Essa estimativa é particularmente valiosa para construtoras que participam de licitações, desenvolvem empreendimentos imobiliários ou precisam apresentar um valor preliminar a investidores, incorporadoras e clientes. O CUB traz uma base sólida para esse momento, evitando palpites e protegendo sua reputação profissional.

Atualização financeira de contratos

Outra função prática essencial do CUB é como índice de reajuste de contratos em obras longas, principalmente em incorporações imobiliárias. A Lei 4.591/64 permite o uso do CUB como referência de correção dos valores previstos no contrato de construção. 

Ou seja, ao longo da execução da obra, o contrato pode ser ajustado com base na variação mensal do CUB, mantendo o equilíbrio financeiro entre as partes mesmo com oscilações nos preços dos insumos.

Essa prática traz segurança jurídica, previsibilidade e evita disputas. É comum usar cláusulas como “os valores contratados serão corrigidos mensalmente com base na variação do CUB do Sinduscon-SP”, por exemplo. Isso protege a construtora de aumentos inesperados e garante transparência ao cliente.

Referência para orçamentos

O CUB também funciona como parâmetro de comparação para validar orçamentos detalhados feitos posteriormente. Após a estimativa inicial, quando chega a hora de levantar custos reais de materiais, serviços e mão de obra, o profissional pode comparar o valor total do orçamento com o CUB vigente. Se estiver muito abaixo ou muito acima, é sinal de que algo pode estar errado ou fora da média de mercado, e vale investigar.

O CUB também pode ser usado internamente para comparar a eficiência entre obras da mesma empresa ou até como base para definir metas de redução de custos, especialmente em processos de industrialização e padronização de projetos.

Quais são os tipos que o CUB considera?

O Custo Unitário Básico (CUB) é calculado com base em dois pilares fundamentais: o padrão de acabamento da obra e o projeto-padrão. Esses dois fatores determinam o valor de referência por metro quadrado da construção e são essenciais para tornar orçamentos mais realistas e comparáveis no mercado.

Vamos entender isso com mais profundidade:

1. Padrão de acabamento da obra

É a qualidade geral dos materiais, dos detalhes e da execução da construção. Ele é classificado em:

  • Baixo padrão: Acabamentos simples, menor custo de insumos, ideal para construções populares e projetos com foco em economia.
  • Médio padrão: Combina funcionalidade e estética, com materiais de qualidade intermediária, muito usado em empreendimentos residenciais padrão.
  • Alto padrão: Utiliza materiais sofisticados e acabamentos refinados, com foco em conforto, durabilidade e estética superior.

Essa classificação afeta diretamente o custo por metro quadrado e ajuda a definir melhor a realidade de cada tipo de obra.

2. Projeto-padrão da construção

Refere-se ao tipo de edificação, sua finalidade e suas características estruturais. Isso inclui número de pavimentos, dependências, unidades por andar e uso do imóvel (residencial ou comercial).

A tabela do CUB apresenta diferentes modelos, que seguem uma padronização nacional, como:

  • R1 – Residência unifamiliar: casa térrea ou sobrado individual.
  • RP1Q – Residência popular: projetos econômicos voltados à habitação de interesse social.
  • R8 e R16 – Residências multifamiliares: prédios residenciais com 8 ou 16 unidades.
  • PP4 – Prédio popular: edificações residenciais simples com 4 pavimentos.
  • PIS – Projeto de interesse social: obras com foco em programas habitacionais públicos.
  • CSL8 e CSL16 – Comercial com salas e lojas: prédios comerciais com múltiplas unidades.
  • CAL8 – Comercial com andares livres: estrutura comercial sem divisões internas, como escritórios corporativos.
  • GI – Galpão industrial: edificações voltadas à indústria e armazenamento.

3. Base normativa e cálculo do CUB/m²

O cálculo do CUB/m² segue critérios técnicos da norma ABNT NBR 12721:2006, que determina a metodologia oficial. O valor é composto por:

  • Materiais de construção: cimento, aço, pisos, revestimentos, entre outros.
  • Mão de obra: pedreiros, serventes, eletricistas, pintores etc.
  • Equipamentos e ferramentas: custos relacionados ao uso de máquinas e ferramentas.
  • Despesas administrativas: custos indiretos da obra como segurança, limpeza e gestão.

Cada componente tem um peso específico na fórmula, garantindo que o cálculo represente a média real do mercado.

O que está incluso no CUB?

O CUB/m² considera uma cesta de insumos fundamentais para a execução de qualquer obra-padrão. Como já falamos anteriormente, ele não é um chute de mercado nem um palpite por metro quadrado. 

É calculado a partir de componentes reais e mensuráveis, com base em parâmetros definidos pela ABNT NBR 12721:2006 e atualizados mensalmente pelos Sindicatos da Indústria da Construção Civil de cada estado. Mas afinal, o que exatamente entra nessa conta?

Salários da mão de obra

Os custos com pedreiros, serventes, encanadores, eletricistas, pintores e demais profissionais são considerados com base na remuneração média vigente. Isso inclui também os encargos trabalhistas, ou seja, o valor total que a empresa realmente gasta para manter cada trabalhador registrado.

Por que isso importa? Porque a mão de obra representa uma das maiores parcelas do orçamento de uma obra, e seus valores variam conforme a região, a categoria e os acordos coletivos locais.

Preços dos materiais de construção

Essa parte do cálculo abrange os principais insumos necessários para levantar a estrutura: cimento, areia, brita, aço, blocos, telhas, revestimentos, tintas, tubulações e por aí vai. Os preços são coletados diretamente nos fornecedores regionais todos os meses.

Detalhe importante: como esses valores flutuam com frequência, o CUB acompanha essas oscilações, refletindo aumentos ou quedas de preço com base em dados atualizados.

Despesas administrativas

Incluem os custos indiretos da obra, que não estão na linha de frente da construção, mas são indispensáveis para que tudo funcione. Estamos falando de itens como água, luz, telefone, segurança da obra, transporte e EPIs (equipamentos de proteção individual).

Por que isso não pode ser ignorado? Porque, na prática, negligenciar esses custos gera distorção no orçamento e pode comprometer o fluxo de caixa da obra.

Aluguel e uso de equipamentos

Máquinas como betoneiras, andaimes, escoras metálicas, elevadores de obra e compactadores também entram na conta. O CUB considera o custo do uso dessas ferramentas, seja por aquisição direta ou locação.

E se a empresa já tiver o equipamento? Mesmo assim, é importante contabilizar o custo de depreciação e manutenção, porque isso impacta o custo real da construção.

Além de tudo isso, vale lembrar que os valores do CUB variam de acordo com o tipo de projeto analisado. Como já explicamos, existem projetos-padrão residenciais, comerciais, industriais, populares e de interesse social. Cada um possui uma composição distinta de insumos, refletindo suas particularidades.

Por isso, é essencial usar a tabela do CUB correta para o tipo de obra que você vai orçar. Escolher o modelo errado pode gerar distorções no custo final e comprometer sua margem de lucro.

Se você quer calcular com mais segurança, clareza e sem surpresas desagradáveis no meio da execução, o CUB é o ponto de partida técnico mais confiável no Brasil.

Quais são os itens que o Custo Unitário Básico não considera?

De acordo com a NBR 12.721/2006, o CUB não inclui: 

  • serviços de infraestrutura/ fundação;
  • terrenos;
  • elevadores;
  • projetos arquitetônicos e estruturais;
  • instalações e equipamentos;
  • regulamentação do condomínio;
  • despesas com cartório;
  • remuneração do construtor;
  • custos com jardinagem e urbanização;
  • áreas de lazer e playground;
  • custos com obras complementares.

Como calcular o CUB de uma obra?

  1. Identifique o padrão da edificação: residencial, comercial, industrial ou galpão. O Sinduscon classifica os tipos conforme ABNT NBR 12721.
  2. Verifique o CUB vigente na sua região, normalmente divulgado até o dia 5 pelo Sinduscon estadual.
  3. Multiplique a área prevista (m²) pelo valor do CUB/m², obtendo o custo estimado da construção até o nível de acabamento padrão.
  4. Ajuste se necessário: considere fatores como fundação diferenciada, padrão mais alto ou particularidades técnicas que podem aumentar o custo acima do CUB.

Este cálculo rápido oferece uma visão inicial da viabilidade econômica do projeto e serve como base para orçamentos mais detalhados.

Entenda o efeito do CUB no financiamento de imóveis

Se aplicado como índice de correção em contratos de compra e venda de imóveis, as parcelas mensais mudam. 

Já ao comprar uma propriedade na planta, é crucial acompanhar as variações do CUB, porque isso influencia o saldo devedor. 

O Custo Unitário Básico é a unidade monetária do setor imobiliário, e no financiamento, o procedimento padrão é dividir o montante financiado pelo CUB, transformando a dívida de um valor em reais para um valor nesse indicador. 

Ele afeta financiamentos bancários e diretos com construtoras, sendo importante esclarecer durante as negociações as aplicações dos reajustes.

Valor do CUB por estado em 2025

O CUB é um índice local porque considera a realidade de mercado e custos em cada região. Em junho de 2025, os principais valores por metro quadrado no padrão médio (R8-N) são aproximadamente:

  • São Paulo: R$ 2.085,95/m² 
  • Paraná: R$ 2.473,54/m² 
  • Santa Catarina: R$ 2.910,51/m² 
  • Rio Grande do Sul: R$ 3.074,28/m² 
  • Espírito Santo: R$ 2.628,45/m² 

Essas diferenças refletem variações nos custos de mão de obra, insumos, logística e encargos socioambientais locais. Por isso é fundamental buscar a tabela do sindicato da sua região.

Como ter mais controle dos custos de uma obra?

Para ter mais controle dos custos de uma obra, é preciso ir além da intuição e adotar uma gestão profissional e estratégica. Isso significa acompanhar de perto cada etapa do orçamento, mapear insumos, planejar o fluxo de caixa e utilizar indicadores confiáveis como o CUB. 

Mas o verdadeiro diferencial está em integrar todas essas frentes com organização e tecnologia. Quanto mais visibilidade e precisão você tiver sobre o que entra e o que sai, menores são os riscos de desperdícios, estouros orçamentários e surpresas desagradáveis no meio do caminho.

E é nesse cenário que o Obra Prima faz toda a diferença. Com uma plataforma intuitiva e feita sob medida para o setor da construção, ele permite acompanhar custos em tempo real, registrar entradas e saídas, controlar estoque e alinhar equipe e cliente com total transparência. É a ferramenta ideal para transformar planilhas soltas em decisões certeiras.

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