Importância da contabilidade na construção civil e como fazer

Amanda Gregio

Na construção civil, controlar cimento, tijolo e aço é só parte do desafio. O verdadeiro pilar de sustentação de qualquer obra sólida está nos números. Sim, estamos falando da contabilidade na construção civil, um tema que pode parecer burocrático à primeira vista, mas que é tão essencial quanto uma boa fundação. Se você é empreiteiro, gestor de obra ou trabalha no setor, entender como a contabilidade atua nesse segmento é o que separa empresas que crescem daquelas que afundam no caos financeiro.

A contabilidade no canteiro vai muito além de registrar entrada e saída. Ela envolve planejamento tributário específico, regime de incidência adequado, apuração correta dos custos e uma visão estratégica que ajuda a manter o controle do caixa, a previsibilidade dos lucros e o bom relacionamento com o fisco. E mais: uma contabilidade bem feita é aliada direta da sua produtividade, pois evita surpresas desagradáveis no meio da obra e mantém tudo dentro dos conformes legais.

Neste guia, você vai descobrir o papel da contabilidade no setor, os principais desafios e boas práticas, regimes tributários aplicáveis, dicas de gestão e como a tecnologia tem revolucionado essa área para construtoras e empreiteiras. Siga a leitura até o fim e domine os números que sustentam sua obra com segurança e inteligência.

Como funciona a contabilidade de construção civil?

A contabilidade na construção civil funciona de forma diferente da contabilidade tradicional porque precisa lidar com um cenário complexo, cheio de variáveis, prazos longos, contratos de empreitada, custos por etapa e exigências fiscais específicas do setor. 

O ponto central é que ela deve acompanhar cada projeto separadamente, controlando receitas, despesas, impostos e margens de lucro com base em cronogramas físicos e financeiros.

Ao invés de simplesmente registrar entradas e saídas do caixa geral da empresa, a contabilidade de obras organiza os números por centros de custo, ou seja, por cada obra em andamento. Isso permite que o gestor saiba exatamente quanto foi gasto com mão de obra, materiais, equipamentos, encargos, e o quanto está sendo efetivamente faturado.

Tipos de regime tributário na construção civil  

Além disso, leva em conta o tipo de regime tributário (Lucro Real, Lucro Presumido ou o RET – Regime Especial de Tributação) e o modelo de contrato (empreitada global, preço unitário, administração etc).

Outro fator importante é que essa contabilidade precisa conversar com os setores de orçamento, engenharia e planejamento da empresa, pois os lançamentos contábeis não podem estar desconectados da realidade do canteiro de obras. Uma falha nesse processo pode gerar prejuízos financeiros, autuações fiscais ou até inviabilizar o projeto.

Resumindo, a contabilidade na construção civil é uma ferramenta estratégica que organiza as finanças por projeto, respeita as normas fiscais específicas do setor, e permite ao gestor tomar decisões com base em dados reais de desempenho e lucratividade. É ela quem garante que a obra seja sustentável do ponto de vista econômico, legal e gerencial.

Como a contabilidade ajuda a evitar problemas financeiros na construção civil?

Quando cada centavo é acompanhado com precisão, o risco de rombo no caixa, atrasos em pagamentos e multas fiscais diminui drasticamente. A contabilidade, nesse setor, não é apenas obrigação legal, é uma estratégia para manter o canteiro funcionando com saúde financeira.

Veja como a contabilidade contribui ativamente para proteger sua obra de problemas financeiros:

Controle de Custos e Despesas

O controle contábil permite separar e acompanhar os custos de cada obra em tempo real, desde materiais até encargos trabalhistas. Com essa visão detalhada, é possível identificar desperdícios, cortar gastos desnecessários e manter os orçamentos sob controle. Isso evita surpresas desagradáveis no meio do caminho e garante que o lucro previsto não evapore.

Gestão Financeira

A contabilidade também ajuda a planejar o fluxo de caixa de forma estruturada. Ela permite prever os momentos de maior gasto, equilibrar entradas e saídas e antecipar necessidades de capital. Isso evita aquele cenário de obra parada por falta de recurso e permite negociar com fornecedores e clientes com mais confiança.

Regime Tributário

Escolher o regime tributário certo (Lucro Real, Lucro Presumido ou RET) pode fazer toda a diferença no valor dos impostos pagos. A contabilidade analisa o perfil da empresa, o tipo de contrato e o faturamento esperado para indicar a opção mais vantajosa. Uma escolha errada aqui pode representar uma perda de milhares de reais ao longo do ano.

Cumprimento Legal

Multas, autuações e embargos costumam nascer da falta de controle sobre obrigações fiscais e trabalhistas. Com uma contabilidade ativa, todos os tributos são recolhidos no prazo, os encargos são calculados corretamente e os contratos seguem a legislação vigente. Isso protege a empresa de problemas jurídicos e financeiros.

Tomada de Decisão

Mais do que números, a contabilidade gera informação. E é com base nessa informação que o gestor pode decidir com segurança se vale a pena iniciar uma nova obra, contratar mais pessoal ou renegociar contratos. Quando bem aplicada, a contabilidade se transforma num mapa que orienta a empresa para o crescimento com estabilidade.

Principais métodos contábeis na construção civil

Os métodos contábeis vão muito além do “debitou e creditou”. Eles precisam dar conta de projetos longos, contratos complexos e uma gestão financeira que muda conforme o ritmo da obra. Por isso, o setor exige abordagens específicas e criteriosas, e entender essas metodologias é essencial para manter o negócio saudável e competitivo.

Abaixo, te explicamos os principais métodos contábeis utilizados na construção civil:

1. Regime de Caixa

Esse é o método mais direto: você registra as receitas e despesas no momento em que o dinheiro efetivamente entra ou sai do caixa.

  • Quando é usado: geralmente por pequenas empresas ou profissionais autônomos.
  • Exemplo prático: você só lança uma despesa com cimento quando paga o boleto. Da mesma forma, só registra a entrada do valor do cliente quando ele paga, mesmo que a fatura tenha vencido antes.
  • Vantagem: fácil de entender e aplicar.
  • Desvantagem: não mostra a real situação financeira se houver muitos pagamentos e recebimentos pendentes.

2. Regime de Competência

Aqui, você registra tudo no momento em que a receita ou a despesa é gerada, independentemente de quando o dinheiro circula.

  • Quando é usado: por empresas de médio e grande porte que precisam de relatórios mais fiéis.
  • Exemplo prático: se um serviço foi executado em agosto, ele é registrado nesse mês, mesmo que o cliente só pague em setembro.
  •  Vantagem: oferece uma visão mais precisa dos resultados da empresa.
  • Desvantagem: exige mais controle e planejamento, já que o caixa real pode não refletir o lucro registrado.

3. Método POC (Percentage of Completion)

Também chamado de percentual de conclusão, esse método reconhece as receitas e despesas conforme o avanço físico da obra.

  • Quando é usado: em obras de longo prazo ou contratos de empreitada.
  • Exemplo prático: se uma obra está 40% concluída, a contabilidade reconhece 40% da receita total prevista no contrato.
  • Vantagem: permite alinhar o financeiro com o andamento real do projeto.
  • Desvantagem: exige acompanhamento técnico preciso da obra e relatórios confiáveis de progresso.

4. Regime do Contrato Concluído (Completed Contract Method)

Nesse método, você só reconhece receitas e lucros quando a obra termina, sem considerar o andamento parcial.

  • Quando é usado: quando não é possível medir com precisão o progresso da obra, ou quando o risco é muito alto.
  • Exemplo prático: mesmo que a obra leve um ano e o cliente vá pagando em parcelas, o lucro só é contabilizado no final da execução.
  • Vantagem: evita reconhecimento precoce de receita.
  • Desvantagem: pode gerar uma falsa sensação de prejuízo durante o andamento da obra.

5. Custo Direto e Custo Indireto

Além de métodos de reconhecimento de receita, a contabilidade na construção civil também diferencia tipos de custo:

  • Custos Diretos: ligados diretamente à obra (materiais, mão de obra, equipamentos).
  • Custos Indiretos: administrativos e operacionais da empresa como um todo (escritório, transporte, impostos, seguro).

Saber separar esses dois grupos é essencial para montar orçamentos justos, precificar bem os serviços e medir a rentabilidade real de cada contrato.

Qual método usar, então?

Não existe um único modelo ideal. A escolha depende do porte da empresa, do tipo de contrato, da estrutura de controle e, claro, da exigência legal (especialmente para empresas optantes pelo Lucro Real ou Presumido).

Na prática, muitas empresas usam uma combinação entre regime de competência + POC, aliando controle fiscal com visão gerencial.

Entender os métodos contábeis é mais do que saber preencher planilha. É conseguir prever o futuro da sua empresa, reduzir riscos, se manter legalmente em dia e tomar decisões com segurança. 

Legislação contábil para construção civil no Brasil

A contabilidade na construção civil precisa seguir normas específicas que respeitam o ritmo da obra e o modelo de contratação adotado. No Brasil, o principal marco é a Lei nº 4.591/64, que regula a incorporação imobiliária, somada à Lei nº 8.666/93, sobre licitações e contratos públicos, e à Norma Brasileira de Contabilidade NBC TG 17, que trata de contratos de construção.

Além disso, as empresas precisam estar atentas ao regime tributário (Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real), pois cada um interfere diretamente na forma como a contabilidade é feita. Uma obra pode ser tratada de forma diferente do ponto de vista fiscal e contábil, e é esse tipo de ajuste fino que evita problemas com o fisco. A legislação ainda impõe regras para retenções na fonte, INSS sobre mão de obra terceirizada e contribuições como PIS, COFINS e ISS.

Profissionais que conhecem essas obrigações ganham vantagem competitiva: entregam relatórios mais seguros, passam mais credibilidade e evitam prejuízos causados por multas ou autuações.

Desafios da contabilidade na construção civil

A maior dificuldade da contabilidade na construção civil é lidar com a complexidade e imprevisibilidade das obras. Diferente de uma fábrica, onde o processo é padronizado, uma obra é um organismo vivo que muda conforme o terreno, o clima, o fornecedor e até o cliente.

Por isso, controlar receitas, custos diretos e indiretos, folha de pagamento, tributos e contratos exige um modelo contábil mais dinâmico e integrado com a engenharia. Outro grande desafio está no alinhamento entre o canteiro e o escritório. Muitas vezes o financeiro não recebe informações atualizadas de avanço físico da obra, o que gera distorções nos relatórios.

Há ainda o obstáculo da falta de profissionalização em muitas pequenas e médias empresas do setor, que operam sem contador especializado ou com planilhas improvisadas. Isso compromete a saúde financeira e impede a tomada de decisões baseadas em números reais.

Contabilidade na construção civil: comparação entre métodos tradicionais e modernos

Os métodos tradicionais de contabilidade na construção civil costumam se basear em planilhas manuais, notas fiscais impressas e controle por pasta física. A lógica do papel e caneta, apesar de funcionar para pequenas equipes, se mostra ineficiente quando a empresa começa a crescer ou a lidar com mais de uma obra ao mesmo tempo.

Já os métodos modernos adotam ferramentas como ERP especializado no setor, integração com medição de obra, gestão de contratos digitais, e acompanhamento por dashboards. Além de reduzirem erros e retrabalho, essas soluções permitem análise em tempo real de indicadores como custo previsto x realizado, margem de lucro por etapa e impacto de mudanças de escopo no orçamento total.

Com isso, o que antes era retrabalho e frustração, se transforma em visão estratégica e controle na palma da mão. Empresas que modernizam seus processos contábeis passam a enxergar o futuro da obra, não apenas o passado.

Impacto da tecnologia na contabilidade da construção civil

A tecnologia tem revolucionado a contabilidade na construção civil, e isso não é mais tendência, é realidade. Com o uso de plataformas especializadas, é possível automatizar lançamentos contábeis, cruzar dados financeiros com o cronograma físico e gerar relatórios fiscais e gerenciais com poucos cliques.

Softwares como o Obra Prima, por exemplo, centralizam todas as informações de uma obra e facilitam a comunicação entre engenheiros, contadores e gestores. Além disso, a tecnologia permite integração com bancos, notas fiscais eletrônicas, folhas de pagamento e tributos, reduzindo drasticamente o risco de erro humano.

Outro ponto relevante é o uso de inteligência artificial e machine learning para prever desvios no orçamento e sugerir ações corretivas antes que o problema vire prejuízo. Isso transforma o papel da contabilidade: de burocrática e atrasada para estratégica e preventiva.

Particularidades da Contabilidade na Construção Civil

Na construção civil, a contabilidade tem suas próprias regras do jogo. Diferente de outros setores, aqui não basta só registrar o que entra e sai do caixa: é preciso entender o ciclo completo da obra, lidar com contratos longos, prever variações de custo e acompanhar cada etapa de execução como parte de um todo financeiro. 

Quem trabalha no setor sabe que nem sempre é fácil visualizar o lucro real ou manter a previsibilidade das contas sem um controle muito bem alinhado. E é exatamente por isso que conhecer as particularidades da contabilidade na construção civil é um diferencial competitivo para qualquer empreiteiro, construtor ou gestor de obra.

A seguir, explicamos de forma direta e aplicada os principais pontos que tornam a contabilidade do setor tão específica e como eles impactam a saúde financeira dos seus projetos:

Cálculo de Lucratividade

Na construção civil, calcular a lucratividade não é simplesmente subtrair o custo total da receita obtida. A rentabilidade de uma obra precisa considerar o tempo de execução, reajustes contratuais, atrasos, aditivos, variações de preço de insumos e mão de obra. 

O lucro aparente pode enganar se o cronograma estiver desatualizado ou se os custos indiretos forem mal distribuídos. Por isso, a contabilidade precisa estar integrada com o planejamento da obra, identificando desvios em tempo real e permitindo ajustes para garantir um resultado final positivo.

Gestão de Estoque

O estoque, na construção civil, vai muito além de “material guardado”. Ele representa um capital imobilizado que pode travar o fluxo de caixa da obra se for mal gerido. Além disso, o controle inadequado de materiais pode gerar perdas, desvios e até retrabalho. 

A contabilidade entra como aliada da engenharia nesse ponto, registrando a entrada e saída de cada item, monitorando valores, evitando duplicidade de compras e permitindo que a empresa saiba exatamente o que tem disponível, o que falta e o que já foi aplicado. Essa precisão evita prejuízos e melhora o uso dos recursos.

Controle de Obra

Esse é o coração da contabilidade no setor. Sem um bom controle de obra, não há relatório confiável, nem gestão eficiente. A contabilidade precisa acompanhar o avanço físico e financeiro de cada projeto. 

Isso inclui cruzar dados da produção com o que está sendo pago, verificar se os gastos estão dentro do orçamento, controlar a execução por etapa e avaliar impactos de atrasos ou paralisações. Essa sinergia entre obra e escritório é essencial para manter a previsibilidade e a transparência dos números.

POC (Percentage of Completion)

A metodologia do POC, ou Percentual de Conclusão, é uma técnica contábil usada para reconhecer receitas conforme o avanço da obra. Diferente do modelo tradicional, em que a receita só entra quando o serviço é entregue, o POC permite que a empresa reconheça parte da receita e dos custos ao longo da execução. 

Isso traz mais equilíbrio aos relatórios financeiros e evita “saltos” de receita concentrados apenas no fim do projeto. Porém, o POC exige controle rigoroso sobre o progresso físico e financeiro da obra, e seu uso precisa estar muito bem alinhado com as normas contábeis brasileiras.

Contabilidade na Construção Civil: como o Obra Prima pode ajudar?

A contabilidade na construção civil está longe de ser uma tarefa burocrática qualquer. Ela é, na prática, o que sustenta a saúde financeira de cada projeto e assegura que o esforço da equipe se converta em lucro real, previsibilidade e crescimento. 

No entanto, muitos profissionais ainda enfrentam planilhas confusas, relatórios desencontrados e um abismo entre o que acontece no canteiro e o que chega ao setor financeiro. E é aí que mora a dor: sem integração, controle e clareza, o risco de prejuízos silenciosos cresce a cada obra iniciada.

O Obra Prima surge como resposta concreta a esse desafio. Nossa plataforma transforma o caos contábil em organização, conectando o avanço físico da obra com dados financeiros em tempo real. 

Com recursos específicos para o setor da construção, você acompanha custos por etapa, calcula o POC de forma automatizada, controla estoques com precisão e ainda integra orçamentos, contratos, receitas e tributos em um só lugar. Tudo isso com usabilidade pensada para quem vive o dia a dia da obra.

Se você quer transformar sua gestão contábil em uma aliada estratégica, sair do improviso e tomar decisões com base em informações sólidas, é hora de dar um passo à frente. Experimente o Obra Prima e descubra como é possível construir mais, com menos desperdício e muito mais controle.

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